Teatro de Mamulengo


Mamulengo Patrimônio Imaterial do Brasil


A sociedade hoje em dia, principalmente as pessoas da vida urbana, estão carentes da sua identidade, do conhecimento do seu país. Poucos sabem da história popular do Brasil, e o boneco de mamulengo é uma vivência dentro desse universo, que pode proporcionar o resgate de uma identificação prazerosa da nossa cultura. 
O boneco está construindo seu caminho com possibilidades de ampliação em diversas áreas de atividades onde as perspectivas estão abertas, nas salas de aula como recurso didático, nas praças e jardins como recurso didático/recreativo e em outros campos. É um boneco de máscara apenas, ou seja, não mexe a boca, olhos, nariz e orelha, mas sua carga de alegria se concentra na pura imobilidade das mãos que o manipulam. Dai vem o nome mamulengo”, mão molenga, e do resto ou dos gestos, vem sua alma. 
O brincante ou manipulador de bonecos leva para dentro da barraca personagens do nosso folclore e utiliza uma linguagem popular, contribui para o desenvolvimento da capacidade criadora, estimula a imaginação e o interesse por atividades artísticas entre outras coisas. A energia recebida do ator torna se animada e, faz-se o personagem, podendo ali interagir com o público e improvisar dentro da sua “brincadeira”. Mantendo seus personagens tradicionais e criando seus próprios, cada bonequeiro da uma vida diferente ao seu boneco e cada um tem sua energia própria.  
O boneco de Mamulengo agora em 2015 foi reconhecido pelo IPHAN como patrimônio imaterial do Brasil , conquista necessária para o início do reconhecimento nacional e trazer para as escolas, praças, espaços públicos e privados essa arte que representa de forma tão rica as diversidades do povo brasileiro proporcionando ao mesmo tempo um conhecimento do nosso patrimônio, da nossa história e da nossa cultura.







Fotos de João Paulo Pimenta






Mulungu, a madeira utilizada para esculpir bonecos


Nome científico: Erythrina mulungu
Família: Fabaceae
Características morfológicas: O tronco desta árvore tem como destaque o fato de ser revestido por farta camada de cortiça. Espinhenta, a mulungu chega a medir entre 10 e 14 metros de altura.
Origem: Brasil.
Difícil não ficar hipnotizado pela cor laranja das flores do mulungu, árvore que normalmente floresce entre julho e setembro e que, neste período, fica completamente desprovida de folhas. Quem se aproveita do néctar de suas flores são os beija-flores, periquitos, papagaios e outras aves.
Mas afora essa plasticidade e de servir de “restaurante” para várias espécies de aves, a mulungu costuma ter sua madeira empregada em caixotaria e na fabricação de pasta celulósica e na confecção de bonecos popular. Isso porque sua textura é leve e mole. É utilizada na medicina popular como um sedativo e calmante natural, também alivia a tosse, sintomas de estresse, depressão, ansiedade, entre outros.
Produz, anualmente, grande quantidade de sementes viáveis. Ela se reproduz tanto por sementes como por estacas. As mudas crescem rapidamente (estão prontas para o plantio em menos de 4 meses). Já o seu desenvolvimento no campo pode ser considerado moderado (alcança 2,5 metros em dois anos).
É conhecida também por corticeira, flor-de-coral, árvore-de-coral, mulungu-coral, suiná-suiná, bico-de-papagaio, corticeira, e eritrina.
A feitura escultural dos mamulengos compreende a cabeça e as mãos, o que não exclui os bonecos de corpo inteiro, totalmente esculpidos em madeira.
O Boneco desencadeia no público uma emoção que tem como causa primeira o próprio, na sua configuração plástico-teatral. E essa configuração é resultado de um processo anterior ao espetáculo, o processo de transformação de um simples pedaço de madeira até a forma do boneco.






Curiosidades da marionete

A marionete representa uma ação dramática e trata-se de uma figura feita na maior parte das vezes de madeira que, uma pessoa colocada atrás de uma empanada faz mover com ajuda de fios, das mãos ou de molas.  A marionete ela é tão velha quanto nosso mundo, mais renasce das cinzas dia após dia e assim se torna um novo ser, para conhecermos todos os dias.

Nem todas as marionetes são iguais e de acordo com sua própria natureza, tomam os mais diferentes nomes.
Assim:
·         Marionete de luva – é um boneco de cabeça de madeira, de massa ou de papelão, montado num camisolão de pano. Seu movimento é produzido pela mão: o dedo indicador introduz-se na cabeça e os dedos polegar e médio nos braços.




·         Marionete de vareta – Boneco de madeira ou de outro material qualquer, articulado e movimentado por varetas.




·         Marionete de teclado – manejada por hastes que lhe seguram a cabeça. O movimento se processa por meio de teclas que orientam cordéis ligados aos braços e as pernas.




·         Marionete Dobrada – montada sobre uma tábua, podendo dobrar-se em diferentes sentidos e reencontrando sua posição primitiva por meio de elásticos ou molas.




·         Marionete de haste – suspensa numa haste de metal que parte da cabeça da marionete para ir até a mão do manipulador. Pode ter fios para os braços e as pernas.




·          Marionete de fio – Os fios são ligados a uma pequena construção de madeira – o controle – que permite ao manipulador movimentar o personagem.




Esses nomes acima são alguns nomes de marionetes, os nomes mudam conforme a região que ela é brincada, e existem diversos outros nomes.

As marionetes, como os homens, têm uma história. Sempre viveram juntos. É possível se dizer que os homens das cavernas, à luz das fogueiras, faziam movimentos com as mãos, formando bichos contra a muralha. É possível que o passo seguinte tenha sido o recorte em pedra e depois em madeira e depois em couro de figuras de gente ou de bicho projetadas contra as paredes. Esses são os primeiros relatos de uma marionete.

Texto baseado no livro: Fisionomia e espírito do mamulengo

                                Autor: Hermilo Borba Filho



A Magia dos Bonecos

O Boneco tem uma vida, o boneco é um ser misterioso, um ente à parte em torno do qual podemos construir um mundo. No espetáculo o boneco passa de ser passivo, ou seja, dependente e obediente às nossas mãos, para uma criatura de vida própria e atuante. E nós espectadores, nos encontramos de cara com o  inesperado. Quando o boneco surge no alto da empanada, opera uma transformação no ambiente.

O Boneco de mamulengo da mesma forma que é realista é também anti-realista, poético e também arbitrário ou escrachado. E esta forma de teatro popular é uma das mais autenticas manifestações artísticas da região de Pernambuco.

É espantoso o dom desses artistas populares, com suas invenções, sua voz, sua habilidade manual, sua personalidade artístico-artesanal, seu analfabetismo de letras, seu repertório musical, sua ingenuidade, sua obscenidade, sua condição humana. E também espantoso é a participação do público, muitos deles de pés descalços, famintos, mas risonhos e crédulos.

O bonequeiro com o boneco na mão encarna  aquele fantoche, e o boneco ali representa o valente, o ridículo,  o apaixonado, o covarde, encarna sentimentos e paixões. Os espectadores ficam lá de olhos brilhantes, burladores ou odiosos, bocas cheias de risos ou de raiva, passam a considerar o boneco “vivo” e dialogam com ele.


O boneco tem sua magia e sua dignidade e traz para pessoa que brinca um olhar amplo sobre a vida.

Texto baseado no livro : Fisionomia e espírito do mamulengo
                            Autor : Hermilo Borba Filho




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